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13/04/2011

Dona Ivone completa 90 anos

São Paulo, 13 de Abril de 2011 - Dona Ivone Lara, a Dama do Samba completa 90 anos nesta quarta-feira (13/04). O aniversário será comemorado em família, com direito a bolo, feijão branco e roda de choro, em sua casa, onde vive com o filho Alfredinho, a nora Eliana, netos e bisneto, no Bairro de Osvaldo Cruz, no Rio de Janeiro.

Ivone Lara, prestes a lançar seu site, terá sambas, que não fizeram muito sucesso,  gravados pela cantora mineira Márcia Lima no álbum "Lado B". A mineira Aline Calixto também incluirá três inéditas em seu próximo CD.

A compositora, cantora e instrumentista Dona Ivone, primeira mulher a fazer parte de uma Ala de compositores de uma escola de samba, tem dezenove discos gravados e várias musicas gravadas por grandes nomes da MPB, como Gilberto Gil, Maria Bethânia, Caetano Veloso, entre outros. Composições como “Acreditar”, "Alguém me Avisou”, "Sonho Meu" são presenças obrigatórias nas rodas de samba.

Hoje, mesmo com dificuldade de locomoção após ter fraturado o fêmur, Dona Ivone faz shows. Este ano, a Dama do Samba se apresentou no Teatro Rival, onde comemorou seus 90 anos e os 77 do Teatro. Bruno Castro é seu principal companheiro de composição e o neto André Lara é o outro escudeiro, que toca banjo com ela:

Segundo Dona Ivone, com cerca de 15 canções inéditas, feitas nos últimos anos com seu principal parceiro, Delcio Carvalho, ela não se anima em gravá-las. Ivone diz que não apareceu nenhuma boa proposta. E que anda desapontada com as gravadoras, já que não tem seus discos promovidos e ainda com distribuição restrita, reclama Ivone, que diz ter recebido R$ 74 reais em direitos autorais pelas músicas executadas no exterior, no último trimestre.

Primeira mulher a fazer parte de uma Ala de Compositores de escola de samba

 Filha de João da Silva Lara, que era mecânico de bicicletas, além de violonista e componente do Bloco dos Africanos e D. Emerentina, pastora do Rancho Flor do Abacate. Ivone ficou órfã de pai e mãe, aos seis anos de idade, sendo internada por parentes no Colégio Orsina da Fonseca, no bairro da Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, onde permaneceu até os 17 anos. Saindo da escola, foi morar na casa de seu tio Dionísio, com quem aprendeu a tocar cavaquinho.

Em 1947, fez o samba "Nasci para sofrer", com o qual a escola Prazer da Serrinha desfilou. Com o fim desta escola e o nascimento da Império Serrano, passou a fazer parte da Escola da Serrinha. É desta época o samba "Não me perguntes", em parceria com Mestre Fuleiro, considerado por muitos o hino da agremiação.

Em parceria com Silas de Oliveira e Bacalhau, compôs, em 1965, o samba-enredo "Os cinco bailes da história do Rio", com o qual a Império Serrano desfilou. Pelo feito, tornou-se a primeira mulher a fazer parte da ala de compositores de escola de samba. Com o tempo, deixou de compor para a escola, tornando-se então madrinha da ala dos compositores.

No início dos anos 70, após a morte de Silas de Oliveira, passou a compor com Délcio Carvalho, tornando-se famosa no mundo do samba. Atuou em discos coletivos com vários cantores e intérpretes e passou, também, muito tempo nas rodas de samba do Teatro Opinião.

Ainda, em 1970 gravou o primeiro disco pela Copacabana, "Sambão 70", produzido por Sargenteli e Adelzon Alves. Em 1974, Ivone participou do "Projeto Pixinguinha", fez seu primeiro show solo na Boate Monsieur Pujol e teve duas composições "Agradeço a Deus" e "Confesso" gravadas por Cristina Buarque.

O reconhecimento do grande público veio apenas, quando teve sua composição "Sonho Meu" gravada por Maria Bethânia e Gal Costa no LP "Álibi", de Maria Bethânia, em 1978. Com esta composição, chegou a ganhar o prêmio Sharp de "Melhor Música".

No ano de 1999, foi homenageada com o troféu "Eletrobras de Música Popular Brasileira". Em outubro do mesmo ano foi agraciada com a medalha Pedro Ernesto, em sessão solene no Plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, pelos serviços prestados à música e à cultura. Em 2002 foi lançado o livro "Velhas Histórias, memórias futuras" (Editora Uerj) de Eduardo Granja Coutinho, livro no qual o autor faz várias referências à compositora.

Em 2006, quando completou 85 anos, teve parte de sua trajetória revisitada, em documentário registrado, em show no Teatro Municipal de Niterói. Em 2010 lançou o DVD "Dona Ivone Lara" com participações especiais de Caetano Veloso; Gilberto Gil; Jorge Aragão; Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Délcio Carvalho, Arlindo Cruz e Velha Guarda do Império Serrano. Ainda em 2010 foi a grande homenageada pelo conjunto da obra no "21º Prêmio da Música Brasileira" e capa da revista Carioquice (publicação do Instituto Cultural Cravo Albin).