13/03/2009

No andar de cima, mais dois batutas!

Por Valdir Sena (*) Lá foi Miguel! Jeito maneiro, olhar sereno e tranquilo com a expressão do dever cumprido. Na bagagem alguns tamborins, pandeiros, surdos, repiques e até cavaquinho e bandolim. Caso alguém lhe perguntasse o por que de tantos instrumentos, com certeza diria: "é que o pessoal do andar de cima está precisando de novos instrumentos e a Contemporânea tem a obrigação de servi-los. Aliás, somos a maior do ramo!", afirmaria propagando seus produtos. Não era músico e nem cantor, mas entendia um bocado de notas musicais. Afinal foram décadas dedicadas à música brasileira, principalmente o samba e o choro, duas paixões que fizeram o Miguel da Contemporânea famoso e respeitado nesse mundo. Pois ele foi, nada mais ou nada menos, que o "arquiteto" musical de muitos sambistas e artistas por aí. Isso sem falar dos conjuntos, bandas, orquestras e nas baterias de escolas de samba, que com sua arte ajudou a crescer. Entretanto, o Miguel agora está no lado de lá.. E uma vez no andar de cima é bom que a "velha guarda" do lugar afine seus instrumentos que o samba vai continuar! Porém, eis que no entanto, aquele "cantinho do céu" foi invadido pelo o aroma suave de um tradicional e legitimo charuto "Cubano". E na entrada surge sorridente e elegantemente vestido o Juarez da Cruz! Com sua "banda na" de pele na cabeça e a faixa de campeão no peito e diz com seu jeito brincalhão de sempre: - "Parece ironia do destino! Pois justamente no ano que a minha Mocidade Alegre contou na avenida sobre as emoções do coração, ele resolveu me aplicar uma peça e aqui estou. E vim para ficar rapaziada, pois o samba continua!" Valeu! Miguel! Valeu Juarez! Valeu toda moçada e rapaziada aí de cima. Pois se o samba aí continua, por aqui o samba não pode parar! (*) Valdir Sena é jornalista ligado ao mundo do samba. Nesse texto homenageia a dois amigos que subiram, Miguel Fazanella, da loja Contemporânea, especializada em instrumentos musicais, e o fundador da Mocidade Alegre, Juarez da Cruz, ambos falecidos logo após o Carnaval de 2009.